Estilo, harmonia e coerência são valores importantes a serem buscados na decoração de uma casa ou apartamento. E se a ambientação puder contar com bons materiais e ser feita em “uma taca só”, o processo torna-se (quase) perfeito. Só que para a maioria das pessoas que detêm orçamentos limitados, decorar a casa aos poucos acaba sendo a única solução. O maior desafio, nesses casos, é garantir um resultado final coeso.

Além disso, é preciso garantir que a casa fique em condições habitáveis, enquanto a reforma e as modificações se desenrolam. O UOL Casa e Decoração conversou com alguns arquitetos e decoradores e traz dicas para realizar a decoração em etapas de forma bem sucedida e prazerosa.

1 – Planejamento consistente – Antes de qualquer coisa é importante pensar e planejar a ambientação da casa como um todo, para ela tenha unidade. Por exemplo, se você gosta do estilo “clean”, vale adotá-lo em todos os ambientes. O mesmo se aplica para quem prefere uma ambientação mais barroca, cheia de detalhes. Em decoração, o ideal é estabelecer um conceito único ‘separado por portas’. A execução pode ser feita em etapas, mas é necessário que antes de começar você já tenha uma ideia madura sobre dimensões, estilos e cores, recomendam as arquitetas Aline e Denise Bernacki.

2 – O ‘pesado’ vem primeiro – Se o projeto envolver obras civis é importante que os serviços que geram sujeira e as grandes modificações sejam priorizados. Isso vale para a demolição ou construção de paredes, troca de louças sanitárias e colocação/ alteração de gesso e pedras. Uma dica: se possível tente realizar esses serviços antes de ocupar o imóvel ou deixe-o vazio temporariamente.

Concluída a etapa mais pesada, parte-se para a colocação dos pisos de modo geral. Em uma reforma, cozinha e banheiros geralmente são alterados primeiro, pois exigem mais cuidados com a parte elétrica e hidráulica. Salas, quartos e varandas costumam ser menos trabalhosos e, por isso, podem vir na sequência. A parte mais ‘leve’ como a escolha de tapetes, adornos e quadros deve ficar para um segundo momento, afirmam o arquiteto Marcos Biarari e o designer de interiores Marcio Rodrigues, sócios no escritório Biarari & Rodrigues.

3 – Priorize os armários – Uma vez definido o “layout” base e executadas as adequações e mudanças estruturais, parte-se para a execução dos armários. O ‘pulo do gato’, portanto, é primeiro dar conta da marcenaria embutida. Depois, comprar os mobiliários soltos e de grande porte e por último, os acessórios e objetos de decoração, sugerem as arquitetas Flávia e Roberta Bonet.

Na hora de escolher por qual cômodo começar, priorize a cozinha e o quarto que costumam ter mais armários planejados. As salas, por serem maiores, normalmente contam com uma decoração um pouco mais detalhada. Por issopodem ser montadas aos poucos. Nesse último caso, compre primeiro um bom sofá e os demais elementos de uso cotidiano ou para a organização de itens pré-existentes, como respectivamente, a TV (ou o som) e a estante para livros.

4 – Plano de ataque – Pensando no aspecto financeiro, setorizar a reforma pode ser uma boa saída para economizar dinheiro. “É possível obter melhores condições de negociação adquirindo a marcenaria toda de uma vez e comprando todas as persianas da casa juntas, por exemplo”, cita Roberta Bonet. “Na medida do possível, o ideal é sempre terminar um cômodo totalmente. A sensação de casa pronta é maior para quem habita, sem ficar aquele sentimento de muita coisa incompleta”, acrescenta o arquiteto Marcos Biarari.

5 – Harmonizando o novo e o existente – Sempre que possível, combine peças novas com outras pré-existentes (sejam elas ‘de família’ ou um bom exemplar plenamente usável e/ou recuperável). Todavia, vale observar o estilo de cada item e sua forma de interação com o conjunto. “Muitas vezes uma nova pintura em móveis, troca de puxadores ou reestofamento já são suficientes para atualizar algumas peças e inseri-las no novo projeto”, comenta o designer de interiores Marcio Rodrigues.

“Peças pré-existentes carregam sempre boas memórias. Por isso, em vez de tentar escondê-las em meio a elementos semelhantes, o melhor é destacá-las”, sugere a arquiteta Denise Benarcki. Se for uma cômoda antiga, por exemplo, coloque-a junto a um papel de parede geométrico e moderno. Se a madeira estiver gasta e feia, pinte com uma cor viva e brilhante.

Denise ressalta, porém, que é preciso ter cuidado para não sobrecarregar a ambientação com diversos estilos de decoração. “Crie um conceito único com uma ou duas peças de destaque. Se tentar ressaltar tudo, o resultado tende a ser exagerado”, defende a arquiteta.

6 – Mantenha-se fiel ao planejado – Um erro comum de quem decora a casa em etapas é adquirir peças e objetos desproporcionais ao tamanho do ambiente e destoantes do conceito geral. Para evitar tais equívocos, vale andar com as medidas sempre debaixo do braço e com fotos dos cômodos. Se você se deparar com uma grande oportunidade, ao menos poderá verificar se o objeto caberá no seu espaço.

7 – Grandes transformações com pequenas ações – Há uma série de ações simples que causam grande impacto em uma decoração e, não necessariamente, exigem transformações caras. Renovar a pintura das paredes é um exemplo. Trocar o revestimento do sofá é outra medida capaz de modificar completamente um cômodo.

“Para a pintura, utilize uma palheta de cor nova: se o tom original era bege, fuja dos amarelos. Tente um matiz mais forte e marcante, mas que se alinhe ao restante da decoração”, sugere Aline Bernacki. Alguns objetos como quadros e tapetes também podem fazer verdadeiros milagres: “Além dar alma à decoração e de refletir a personalidade do morador, esses itens preenchem os espaços tornando-os mais aconchegantes”, afirma o arquiteto Marcos Biarari. Esses elementos, aliás, podem sim ser adquiridos aos poucos. E essa inserção de novos mimos e detalhes cria uma sensação de satisfação e renovação do ambiente.

8 – Soluções provisórias valem a pena? – Depende. No caso de acessórios, como tapetes e cortinas, se o modelo ideal não puder ser adquirido no momento, pode ser vantajoso adquirir uma opção temporária. Já para móveis de grande porte, como armários e sofás, procure evitar peças-tampão.

Por Juliana Nakamura – UOL Casa e Decoração